HISTÓRIAS DO KARATE-DO

                              沖縄 空手道 剛柔流 


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O Karate é uma arte marcial desenvolvida particularmente em Okinawa (Japão) a partir dos sistemas chineses de combate corporal sem armas. O desenvolvimento moderno desta modalidade de combate iniciou-se na primeira década do século XX com a sua inclusão nos programas oficiais de Educação Física das Escolas de Okinawa. Em 1936 oficializou-se a designação da arte do combate com o termo "karate-do", antigamente chamava-se Okinawa-te que significa mãos de Okinawa por ser uma arte marcial desenvolvida em okinawa, o estilo Goju-Ryu por ser uma arte marcial da província de Naha se chamava Naha-Te, mãos de Naha ou arte marcial desenvolvida na provincia de Naha; O Naha-te deu origem ao Shorei-Ryu (Goju-Ryu Shoreikan do Sensei Seikichi Toguchi) e Goju-Ryu que são no final o mesmo estilo "Goju-Ryu" não sofreu alterações ou influências de outros estilos, as artes marciais de okinawa (Okinawa-te) eram antes conhecidas por "Tode" que significa arte marcial chinesa, o okinawa-te recebeu fortíssimas influências chinesas.
O Karate competitivo foi institucionalizado em 1965 com os primeiros campeonatos Japoneses. Em 1966 iniciou-se em Paris os primeiros campeonatos europeus de Karate. Em 1970, em Tóquio, consolidou-se como esporte com a organização dos primeiros campeonatos mundiais de Karate. Desde então foram décadas de campeonatos mundiais.

Na competição o resultado não se prende com a real consequência da aplicação de uma técnica de impacto em determinadas zonas corporais do adversário; prende-se com a sua virtual consequência. Os árbitros pontuam o tempo de entrada, a forma (precisão, velocidade, coordenação, equilíbrio), a atitude (estado de espírito, atenção, concentração) com que o karateka resolve as situações de jogo de combate que culminam com a sua superioridade em relação ao outro.
Não restam dúvidas de que participar de campeonatos é bom para integrar os estudantes e acima de tudo criar vínculo com o esporte. Mas karate não é apenas um esporte, é uma arte marcial, muitas escolas de Goju-Ryu não se deixam levar pelo lado esportivo preferindo manter sua tradição em arte marcial, quando o treinamento de karate-do é mais voltado ao sistema antigo o treino passa a ser mais rígido forçando ainda mais o lado interno do praticante devido a sua austeridade, desta forma o treinamento é mais combate real, militar, e usado como defesa pessoal exigindo assim um treino mais rígido e inflexível.  .


Vejamos os oito preceitos da arte de combate que se encontram no BUBISHI (TOKITSU, 1994, p. 87):



1 - O espírito do homem é análogo ao universo.

2 - O sangue circula como se movem a lua e o sol.

3 - A inspiração e expiração com força (Gô) e flexibilidade (Jû) são essenciais.

4 - O corpo segue o tempo e adapta-se à mudança.

5 - Desde que os membros encontrem o vazio, deslocam-se com uma técnica precisa.

6 - O centro de gravidade avança, recua e os adversários afastam-se e aproximam-se.

7 - Os olhos devem ver nos quatro lados.

8 - Os ouvidos devem escutar nas oito direções.
                                   


Na foto acima à esquerda Chojun Miyagi, e à direita Seiykichi Toguchi; Na foto abaixo à esquerda Massanobu Shinjo e a direita Morihiro Yamauchi, em ordem hierárquica. Tenho muito orgulho da minha linhagem onde sempre foi preservado o espírito samurai, o genuíno espírito das artes marciais, o treino rígido e inflexível, e a originalidade da arte marcial, não me importo com o que as pessoas pensem sobre isso, esse é o meu caminho, o caminho do guerreiro, e isso é Bushido.




                         

Tive a honra de conhecer pessoalmente o mestre Massanobo Shinjo, e treinei aprimorando o Goju-Ryu com o mestre Morihiro Yamauchi onde iniciei-me em 20-10-1979, o sensei Morihiro Yamauchi naceu em
 05-05-1940 e faleceu em 15-08-2020 são pessoas impossíveis de descrever em papel e tinta. 




                              
 沖縄 空手道 剛柔流 

O Karate-do tem um espírito de busca pela iluminação pessoal herdado do Zen-Budismo, que é um dos fatores que o torna tão significante interação entre o exercício corporal e mental.
Porém o Karate possui vários estilos diferentes, isto é, não há o Karate único, mas sim, várias escolas que se formaram ao longo das histórias, foram desenvolvidas técnicas diferentes para a busca do melhor Karate. Cada fundador de seu estilo procurou fazer o melhor para o desenvolvimento das habilidades que considera importante. Apesar das diferenças todos desenvolveram técnicas interessantes e com objetivos em comum, de preservar a real essência do Karate que é construir a paz exterior através do autocontrole e perseverança.
Pessoalmente tenho em mente que o indivíduo que pretende formar novos estilos deve pensar por exemplo: "Bom eu treino Goju Ryu de Okinawa agora cabe a mim desenvolver as técnicas essenciais tornando-o um Karate refinado em suas formas e mostrar o como é eficiente ao combater com outras artes marciais, pois o Goju Ryu foi desenvolvido para combater com qualquer outro estilo de artes marciais, então seja coeso consigo mesmo não há necessidade de criar novos estilos.


Ser Praticante de Goju Ryu é ser Karateka e não Karateia

                               沖縄 空手道 剛柔流 


Na foto abaixo Matriz da Shobukan do Brasil (Hakkoku Shobukan), da esquerda para direita:
Senpai Yamauchi Seidin (atual presidente da Shobukan), Kancho Kyoshi Morihiro Yamauchi (Shihan), Senpai Kunio Araki, Senpai Dalmo S. Cintra.
Dojo Morihiro Yamauchi

O Kyoshi Yamauchi havia me dito certo dia que a pessoa que treina e sempre chega atrasado no Dojo, buscando só o lado das honrarias, títulos, méritos, se preocupando com posições sociais, e cheias de melindre, fuxiqueiros e coisas deste tipo não são considerados Karatekas, ele se referiu a essas pessoas como Karateia, são pessoas que estão longe do que chamamos Bushido. O Karateia nunca terá a compreensão filosófica da palavra "DO" e muito menos a compreensão do que vem a ser "BUDO", e quando se falar em treino sério ele irá deixar para amanhã acredite. Ao trilhar o verdadeiro caminho do Karate é preciso auto-sacrifício, por isso se diz que as dores e os maus tratos são incentivos para maiores conquistas. Que tipo de Karate você pratica? Você é um Karateka ou um Karateia?

Ser praticante de Goju Ryu Karate-do é treinar com infinita perseverança, paciência e repetição, de tal forma, que se internalize a técnica, a ponto de ela se tornar espontânea reflexa e inconsciente. Só assim suas técnicas passarão a ser instintivas. Afinal, a chave da vitória se encontra antes de mais nada no espírito, o elemento espiritual é sempre mais vital do que a técnica ou a força, ainda que o corpo deva estar muito bem treinado e preparado.
Honbu Kancho Kyoshi Morihiro Yamauchi
A definição do estilo Goju Ryu é estilo rígido porém flexivel, rígido e linear, flexível e circular, controle respiratório e domínio interno, os movimentos circulares estão relacionados com a suavidade e flexibilidade, e os movimentos retos com a dureza e rigidez. Esta arte marcial como o próprio nome diz, é uma arte de guerra, uma arte marcial sugere a sobrevivência, quando você se sujeita aos treinamentos põe à prova sua mente e o seu corpo. Com muita paciência e perseverança e sob a orientação do seu Sensei, no decorrer de sua prática, seu corpo e membros se tornarão uma arma letal, por este motivo é necessário um bom domínio, o domínio de si mesmo, não importa o quanto você sabe e sim o que você faz com o que sabe! Fui privilegiado em estar praticando esta arte marcial com o Kyoshi Morihiro Yamauchi desde 20-10-1979, é fato comprovado que o caminho do Goju Ryu seja através de treinos rígido e inflexível, assim como ensinava o seu criador Chojun Miyagi, e como sugere o próprio estilo Goju Ryu. Através dos treinamentos e envolvimento com esta cultura você poderá melhorar em muito sua qualidade de vida, há quem diga que pode-se alcançar longevidade treinando com inteligência, e com toda certeza, esta arte marcial pode torná-lo uma pessoa melhor.

No caminho do Goju Ryu Karate-do está incluido a filosofia de vida (DO), ou (Tao em chinês que quer dizer caminho) - Filosofia é o estudo que visa a ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de aprendê-la na sua inteireza, razão, sabedoria, então para se treinar o Goju Ryu é preciso ter a compreensão filosófica da palavra "DO".
O método que venho ministrando no Dojo baseia-se na filosofia do "BUDO" (literalmente Caminho das Artes Marciais, ou unificação das artes marciais japonesa), o desenvolvimento esportivo e também marcial e do convívio social, com objetivo o desenvolvimento de um ser humano digno e útil à sociedade, tanto à sociedade como à família, o Goju Ryu tem por principal objetivo construir um corpo forte e um espírito equilibrado. 
O verdadeiro Goju Ryu de Okinawa, jamais existe sem o "BUDO", que se caracteriza por ser a essência filosófica das artes marciais japonesa; Assim como não se afasta do "BUSHIDO", que é o código de honra do samurai, "Caminho do Samurai".
No BUDO encerra-se a história das artes marciais de um modo geral, seu significado é mais amplo e requer a compreensão filosófica da palavra "DO". Para os praticantes de Goju Ryu, caminho significa "modo de vida", uma filosofia de vida, significa obedecer a uma série de regras de conduta de natureza moral, assim como o antigo código "BUSHIDO".
O BUSHIDO fornecia parâmetros para o guerreiro viver e morrer com honra. Seguir o BUSHIDO, é dar ênfase à lealdade, fidelidade, auto sacrifício, justiça, modos refinados, humildade, espirito marcial, honra e acima de tudo morrer com dignidade.
Bushido é formado e influenciado pelos conceitos do Budismo, Shintoísmo, e Confucionismo. A combinação dessas doutrinas e religiões, formaram o código de honra do guerreiro samurai, conhecido como BUSHIDO.
No mundo desportivo a competição e técnica, pode-se progredir através da luta entre pessoas. mas que lugar ocupa ela na vida humana? conhecer o Goju Ryu como BUDO volta a situá-lo entre a vida e a morte. Não se trata apenas de uma competição técnica. Trata-se da maneira de se comportar e de enfrentar o adversário em situações em que a vida entra em jogo.
Devemos caminhar e construir a via do Goju Ryu Karate-do, a via que nos leva ao nosso tão almejado objetivo. As técnicas mortais dos mestres do passado estão contidas no kata, e embora sejam primitivas são sempre atuais, pois quem treina com objetivo, serenidade e disciplina, alcança o domínio da arte e o domínio próprio. Para tal é preciso retornar ao ponto de partida, voltar as origens dos ensinamentos do Karate-do Okinawa Goju Ryu.
Dalmobushido com seu aluno João Piccinin 5 Dan

Interrogar-se sobre o que o passado nos transmitiu, estudar nas outras disciplinas do Budo, procurar encontrar as técnicas no kata, treinar técnicas mais avançadas e estabelecer o Goju Ryu como uma arte marcial de valor, procurar, enfim, o aperfeiçoamento técnico e espiritual neste caminho, é esse o nosso dever face ao estudo, trabalho e desenvolvimento junto ao mestre ("O Sensei mais graduado". - Shidoin é uma palavra que sugere o débito, a dívida e o dever que o discipulo sempre terá com seu mestre).
É fato comprovado que o Goju Ryu está entre as três artes marciais mais poderosas do mundo, a nossa função e manter as tradições e a originalidade da arte através da manutenção diária nos treinamentos, "A mente e o coração trabalham juntos na busca do conhecimento e quem trilha o "DO" busca um caminho sem fim (Kyu Do Mugen).
Isto é apenas uma opinião pessoal! Que todos possam treinar em harmonia!

por: Dalmo Souza Cintra

Método de Ensino do Karate-do

“Existe, enfim, a distinção de várias escolas e estilos de KARATE. Como UECHI-RYU, ISSHIN-RYU, GOJU-RYU, SHORIN-RYU, WADO-RYU, SHITO-RYU, SHOREI-RYU assim como muitos outros do passado, estas várias escolas e estilos são conhecidos pelos nomes de seus respectivos DOJO (sala de aula) ou até mesmo pelos nomes de seus mestres criadores. Em todo o BUDO (“Caminho das Artes Marciais” ou unificação das artes marciais japonesas), e não apenas no karate, interpretações da arte por aqueles que treinam diferem de acordo com as interpretações de seus instrutores. “Além do que não é preciso dizer que variações de expressão das artes são características de cada indivíduo”. Cada instrutor interpreta seu karate de sua própria maneira, com sua própria característica de treinamento, por este motivo é super importante você seguir uma linha de raciocínio lógico no caso o seu Kancho (Sensei líder geral) para que não saia da razão lógica de sua escola. Pois bem. Estilo vem do latim “stilus” que significa “maneira particular de fazer alguma coisa”. Assim, podemos dizer que estilo é aquilo que nós mesmos fazemos e que nos é peculiar, e se alguém segue nossa maneira de fazer alguma coisa, segue o nosso estilo. Os Mestres Sokon Matsumura, Kanryo Higaonna, Chojun Miyagi, Kanbum Uechi, Kenwa Mabuni, e muitos outros mostraram que era possível fazer de algo muito antigo, como o “Tode” (mãos chinesas), alguma coisa “nova”, bastando para isso usar a inteligência e a vontade de evoluir, de fazer o progresso do homem e de desenvolver as suas potencialidades, é bom lembrar também que estas Artes Marciais foram desenvolvidas em épocas de Guerras ou seja, épocas que existiam vários conflitos sociais, e desta forma trazem consigo suas táticas de combates verdadeiros, onde podem mostrar sua eficiência em lutas reais, para defesa da honra e da vida, é um fator fundamental, basta dizer que os katas trazem consigo técnicas primitivas, porém sempre atuais, ou seja o discípulo deve desenvolver seu estilo pessoal, deve personalizar a arte, incorporar a arte, por isso mesmo se diz que o Karate-Do-Ka (praticante de Karate-Do) deve preparar seu caminho, o sensei é que vai ajudá-lo a limpar e trilhar neste caminho; você pode muito bem personalizar uma arte como o Goju-ryu e é muito bom que faça isso para que a arte fique o mais natural e original possível, sem que você mecha no método de ensino da escola, pois irá precisar da forma, do método de ensino para ensinar outros alunos, por isso mesmo se chama escola (Dojo), fundar uma escola não é tão fácil como parece.
Quando muitas pessoas seguem um mesmo estilo, diz-se que esse estilo fez “escola”. Ou seja, quando se estuda sistematicamente e de forma coletiva forma-se uma escola. Portanto, assim como Chojun Miyagi fundou o Goju-ryu, Guichin Funakoshi fundou uma “escola de karate” a Shotokan. Como karate é um termo já consagrado universalmente só se pode discutir suas “escolas e estilos”, porque sendo já uma ARTE, o Karate está acima de suas escolas, de seus estilos e de seus praticantes, ele é universal. É, portanto, certo que devemos dar continuidade ao trabalho de nosso Sensei (professor). Por quê não?

Por que não se deve mexer/mudar/alterar o método de ensino de uma escola de artes marciais?

Se treinar o Karate-Do Goju-ryu em sua profundidade e extensão já é difícil o que dizer de treinar por alguns anos e criar um outro? Hoje em dia existem escolas de Karate-Do que você nem sabe de onde veio, e muito menos para onde vai, vou explicar meu ponto de vista sobre o assunto.
Ishisashi
Existem artes marciais suficientes para que o mundo se satisfaça, não é necessário criar novas escolas, onde vamos parar? O mais importante de tudo é olharmos para o Okinawa-te, com suas escolas e suas origens, como o Goju-ryu, Shorei-ryu, Shorin-ryu, Uechi-ryu, Shito-ryu, Isshin-Ryu, por exemplo, e buscar aperfeiçoamento técnico e espiritual em estudos mais profundos, e reconhecer que são artes desenvolvidas no passado com sua eficiência em combate real, e para criar uma nova escola nos dias de hoje é muito difícil. Devo chamar a atenção para a tradição do ensino do karate-do, pois as Artes Marciais como o Goju-ryu já foram estabelecidas e não é à toa que está entre as cinco mais poderosas do mundo. Quem pode garantir essa imutabilidade eterna já que o homem é tão confuso? Tradição é o conhecimento do passado, é o ato de transmitir ou entregar, pode ser transmissão oral de lendas ou fatos, de idade em idade, geração em geração. É certo que ninguém pode dizer hoje em dia que criou uma nova arte marcial só porque juntou uma porção de técnicas, ou que criou um novo estilo de karate só porque não gostou daquele que treinava, se bem que muitas pessoas fazem isto, sabe-se que só nos Estados Unidos existem cerca de 50 estilos de Karate-Do e nas Américas e geral em torno de 150 estilos, o que descobriríamos no mundo em geral? A questão é que se fosse em épocas passadas este número estaria reduzido a nada com toda certeza, pois quando se criava uma arte deste tipo  colocava-se à prova em combates reais e quando era constatado que a técnica não era eficiente, automaticamente perdia seu valor, se fosse uma escola estaria com toda certeza fechando as portas, e este estilo deixava de existir. Entretanto, se alguém tem o conhecimento adequado e a habilidade necessária para acrescentar ou retirar algo capaz de tornar uma técnica ou um estilo mais eficiente, este sim acompanhado de seu mestre irá ajudar no aperfeiçoamento do seu estilo de karate, e é muito importante estar treinando assiduamente, estudando e aperfeiçoando. E se você segue seu trabalho com responsabilidade você mantêm os fundamentos as tradições e a origem de uma escola de karate. Basta lembrar que na era feudal do Japão um samurai quando percebia que estava saindo da linha de raciocínio de seu senhor feudal ou seja seu Mestre, já era motivo de praticar o seppuku (Harakiri), digo isto para que entendam a necessidade de seguir a linha de raciocínio de uma escola! Lógico que vivemos em um mundo "civilizado" e moderno e as coisas devem ser tratadas na medida do bom senso não é verdade!!
Chojun Miyagi
A modificação de uma técnica sem o estudo adequado é sem dúvida perigosa. Um mestre de artes marciais não é somente aquele que ensina, mas sim, aquele que orienta, e mostra o caminho. Um MÉTODO, serve para que possamos aprender o conhecimento que alguém (nosso mestre) quer nos transmitir. Depois que aprendemos precisamos deste método para transmitir a Arte. Através do método incorporamos a Arte, precisaremos do método para ensinar aos nossos alunos, para transmitir a arte. Aquilo que é comum ao que nosso mestre ensinou é o que se deve chamar de SISTEMA.

Mas, afinal de contas, o que é estilo de karate?

O Seiken de Okinawa

No idioma japonês há um ideograma que se pronuncia RYU. RYU pode ser interpretado como MÉTODO de ensino. Ora, um método não é um estilo. É a maneira de ensinar uma arte segundo certos princípios e em determinada ordem. Enquanto o ESTILO é a maneira particular de ensinar uma arte, ou seja, é uma doutrina pessoal de um mestre para ensinar a sua arte. Logo, o estilo é a personalização do ensino, da mesma forma que você pode personalizar um Kata, você passa a ter um jeito peculiar de executá-lo, enquanto o método é a sua generalização. No Japão, os mestres não criavam seus estilos simplesmente, eles também faziam seus métodos de ensino, para que seus conhecimentos sobrevivessem ao tempo de suas vidas, para que não dependessem de suas presenças, desta forma nasceu o Kata para a transmissão de conhecimentos. Entretanto, a barreira do idioma fez com que no Brasil se traduzisse a pronúncia sem interpretar o ideograma. E RYU passou a ser chamado de estilo de karate. Em japonês ESCOLA é pronunciada KAN, e existe a ESCOLA SHOTO DE KARATE, em japonês SHOTOKAN KARATE. Ora, o método usado por essa escola é um RYU, logo chamamos SHOTOKAN-RYU KARATE ao método de ensino da escola Shoto de karate. Esta é a escola fundada por Funakoshi, mas não a única escola de karate. RYU pode ser, ainda, interpretado como SISTEMA, que é a reunião de princípios coordenados de modo a formar uma doutrina e que concorrem para o seu ensino. Já ESCOLA de karate, é o conjunto dos adeptos da doutrina de um Mestre, que seguem seu sistema de ensino mas, que normalmente possuem seu próprio método de ensino.
Nigiri game
ESTILO é a doutrina de um MESTRE de notável saber em uma ARTE, cuja concepção pessoal da maneira de praticar e ensinar é considerada original por mais de um artista dessa arte e, que passando a ensiná-la fundam uma ESCOLA. Kanryo Higaonna e Chojun Miyagi dedicaram suas vidas neste trabalho, os treinamentos como já se sabe eram Duro e inflexível, podemos dizer com toda certeza que é uma Arte completa a exigir maior dedicação de nossa parte. Então eu volto a repetir, é bom tomar muito cuidado com relação a direção que você está caminhando com sua Arte Marcial em especial o Goju-ryu Shobukan e sempre manter a tradição de ensino para não banalizar a Arte, não é necessário ficar criando e sim aperfeiçoando, hoje em dia as pessoas nem treinam direito em suas academias a Arte que já existe, estão mais preocupados com o lado comercial, posição social, campeonatos e coisas deste tipo do que procurar absorver o genuíno espírito das artes marciais, afinal de contas  no caso do Goju-ryu, que está entre as cinco mais poderosas Artes Marciais do mundo com toda sua eficiência técnica, você há de concordar comigo que não tem necessidade de se criar uma nova arte.

A Forte Influência do Mestre Bodhidharma nas Artes Marciais 
provindo da Índia atingindo a China, e Okinawa/Japão, 
dando origem ao Karate-do Moderno

"Formas de autodefesa são, provavelmente, tão antigas quanto à raça humana”.

Sai antigo de Okinawa Goju Ryu
Formas de autodefesa são provavelmente, tão antigas quanto a raça humana. As primeiras formas de autodefesa humana datam de aproximadamente dos séculos V e VI a.C., nesta época encontram-se os primeiros indícios de lutas na Índia. Na Índia praticava-se uma arte marcial chamada “Vajramushti” (aquele cujo punho cerrado é inflexível). Sabe-se também que o boxe Grego no qual se usavam somente as mãos, era bem praticado na época, e o Pancration (Pancrácio), no qual fazia-se uso dos pés e mãos (assim como o “Savate” (Sistema de luta Francês), ambos bem semelhantes ao Karate-Do atual), datam de épocas pré-olímpicas. De fato usava-se o corpo como uma arma de combate. Não seria lógico termos as lutas gregas como pilar das lutas sem armas, e muito menos tê-las como raízes das artes marciais orientais, houve uma grande mesclagem no decorrer dos tempos.

No oriente, outrora misterioso e romântico, onde surgiu da mesclagem de estilos de lutas dos Persas, Hindus, Chineses; da China chegando à Okinawa e depois ao Japão, as artes marciais de combate sem armas.

Posso colocar sem sombra de dúvidas na seguinte ordem: Índia – China – Okinawa – Japão. Desta mesclagem em Okinawa nasceu o Karate-Do atual; à indícios de que o Naha-te gerou o Shorei ryu e o Goju ryu, sendo que o Goju ryu não sofreu influências dos templos Shaolin, segundo alguns historiadores.
Para Hojo Undo

Conta a história, tanto Hindu como chinesa, que foi da observação dos movimentos de animais que surgiu a arte marcial. Ambas histórias são iguais no sentido da pesquisa, diferem-se portanto, nos princípios filosóficos, enquanto a arte Hindu procura um meio de lutar, a arte chinesa preocupa-se com os caminhos que levam à saúde geral. Numa melhora-se a saúde pelos movimentos lentos, ao passo que na outra dava-se especial ênfase aos reflexos para defesa e ataque, o combate em si.
Para treinos de Hojo Undo
Não se pode precisar datas mas encontramos técnicas semelhantes ao Karate-Do em uma tumba egípcia cerca de 5000 anos atrás o que também se vê em trabalhos babilônicos de 2 e de 3 mil anos antes de Cristo observando-se bloqueios fundamentais usados ainda hoje, o que é verdadeiro podendo-se acrescer que a tradição das artes de luta cresceu em meio a povos e civilizações diferentes principalmente na antiga Turquia, Egito e Ásia central. Pode-se aferir que princípios de luta parecidos com o Karate-Do tinham sido introduzidos pela Turquia, na Índia, de uma forma bastante rudimentar vindo a ser desenvolvida na Índia e na China.

Essas técnicas introduzidas na Índia foram melhoradas e foram muito usadas nas guerras tribais, muito antes do budismo. No sul da Índia desenvolveu-se a arte do “Kalaripayt” que lembra muito a arte nativa de Okinawa chamada “Tode” (Mãos da China). Acredita-se que o “Kalaripayt” foi introduzido em Okinawa por marinheiros em busca de comércio. O “Tode” mais tarde se difundiria ao Kempo Chinês (Shoriji Kempo, Nanpa Shorinji Kempo) e a nova arte se desenvolveria até chegar ao Karate-Do atual.
Ishi sashi

Nunchaku - Sai - Tonfa

Há cerca de 2400 anos atrás nascia na Índia, Daruma Taichi, também conhecido como Bodhidharma, filho de Rei Sugandhain pertencente à casta dos “Guerreiros” vindo a tornar-se monge budista posteriormente, fundador do Zen-Budismo, deixou o Oeste da Índia, e atravessando as montanhas do Himalaia, cruzando rios e regiões completamente selvagens, chegou à China com o propósito de tornar conhecido os textos do Budismo. Nesta época, as estradas entre a Índia e China, praticamente inexistiam, e as dificuldades a vencer eram imensas, pode-se imaginar a grande força física e espiritual de Daruma, necessárias para superar os milhares de quilômetros da viagem. Anos mais tarde foi até o Templo Shaolin (Shorin-ji em Japonês), na província de Hunan (China) nas montanhas Songshan a fim de pregar o Budismo a um grande número de discípulos. A lenda conta que quando chegou encontrou os monges do Templo em condições de saúde precárias, devido às longas horas que passavam imóveis durante a meditação, foi assim que ele imediatamente se preocupou em melhorar a saúde deles. Ficou nove anos no Templo Shaolin e após esse período de meditação veio a estabelecer métodos de exercícios para que os monges tivessem corpo e mente sãos, introduzindo dezoito katas e dois sutras que em japonês chama-se “Ekkinkyo” e “Senzuikyo”. No “Ekkinkyo” (Yi Jing Jin) preparou uma série de técnicas respiratórias para dar resistência ao corpo a fim de que este pudesse suportar os rigores da meditação e do treinamento e no “Senzuikyo” a maneira pela qual se desenvolve a força mental e espiritual em direção ao mesmo fim. Tais ensinamentos auxiliam o nascimento do Kempo Chinês. É preciso esclarecer que artes marciais já existiam na China antes de Bodhidharma pois, no reinado de Hua’ng já havia arte similar ao Kempo e isso cerca de 5000 anos atrás (Artes Marciais e Técnicas em regiões). O que ele ensinou foi uma combinação de exercícios de respiração profunda, Yoga e uma série de movimentos. Seus treinamentos eram intelectuais, ou seja treinos inteligentes e muito rigoroso, o que deixava seus alunos prostrados de exaustão, fase à grande concentração que a teologia exigia. Daruma Taichi então, criou um método de desenvolvimento físico e mental, dizendo que “mesmo que Buda tenha pregado para a alma, o corpo e a alma são inseparáveis (segundo alguns historiadores o Sanchin kata Goju-Ryu já estava sendo desenvolvido nesta época e a expressão Corpo-Mente-Espírito muito usado na execução deste kata). Tenho notado que não estão conseguindo aperfeiçoamento em vossos treinamentos por causa da exaustão física. Por essa razão, dar-vos-ei um método com o qual podereis desenvolver vossa força física, capaz de fazer-vos captar a essência das palavras de “Buda”. O método que ele criou está descrito no EKKIN-KYO (EKKIN-SUTRA). Com ele os monges puderam desenvolver-se física e espiritualmente, e conta-se que esses monges do Templo Shaolin ficaram conhecidos em toda a China pôr sua grande força e coragem.
Ishisashi

Alguns citam Bodhidharma como precursor da arte marcial no Templo Shaolin. Este monge Indú, foi o fundador do Dhyana ou Budismo de contemplação, mais tarde trouxe à arte marcial japonesa o “Espírito Zen”, o “Zen veio do Budismo-Zen.

Habitou “WEI” no monastério de Shaolin-su na província de Hunan, pregou sua doutrina chamada “doutrina do grande veículo” (Um Caminho que conduz a um Modo de Vida). Dizem que neste período nasceu o “Zen” (Espírito Zen), este monge foi o criador do Shaolin-su Kempo, no qual pregava a união do corpo com o espírito. Ensinava o que pensava ser o ideal para a saúde, e dizia ser a união do corpo com o espírito algo indivisível, para se chegar a um estado de espírito Zen, e a verdadeira paz interior.
Sai para confrontar espadas
Através de exercícios penosos, deveríamos chegar à fortaleza do corpo para darmos morada a uma paz de espírito (Espírito Zen). Foi ele sem dúvida que deu campo para que as artes marciais servissem de caminho para um estado de espírito ( Por isso o “DO” Caminho, do Karate-Do, e o “KARA” Vazio ). É preciso saber que uma série de certos exercícios físicos que procuram a saúde, aliados a movimentos e a exercícios respiratórios e mentais, não poderiam ser usados como método de combate eficaz.

Muito antes na China, já se praticava o boxe chinês, e não resta dúvida que o método do monge Indu, foi uma síntese das lutas de seu País. Nos livros I HU CHING e HSIEN SUI CHING, conhecemos algo mais sobre este assunto tão especial. É certo que existiu e existe uma ligação indestrutível entre o Budismo Zen, com as artes marciais, mesmo aquela na qual se usa um bastão (BO) do (KOBUDO- Caminho das Armas). KO: Antigo; BU: Marcial, ou Guerreiro, DO: Caminho. O KOBUDO é uma técnica que emprega armas, muito difundida em Okinawa especialmente após a invasão japonesa sobre o arquipélago. O número de armas utilizadas é muito grande, incluindo até remos de barcos. Mas as principais são cinco: Katana, Bokuto, Tomfa, Bo, Sai, Kama, e Nunchaku (existem muitas outras armas no Kobudo seu arsenal é muito amplo).

Apesar de intimamente relacionado com as artes marciais com Mãos Vazias, em especial o Karate-Do, o Kobudo não faz parte de nenhuma arte específica, constituindo uma modalidade à parte. Sua inclusão em aulas de Karate-Do muitas vezes se dá de maneira eclética, sem uma fundamentação com o Kobudo tradicional. Algumas linhas do Karate-Do utilizam as armas do Kobudo dentro dos Katas tradicionais, adaptando os movimentos de mãos às armas. No entanto, o autêntico Kobudo possui suas próprias formas e tradições, ou seja é um estilo próprio.

Para treinar Hojo Undo
Uma arte extremamente tradicional, o Kobudo até bem pouco tempo não possuía graduações. O praticante era avaliado somente pela interpretação do mestre principal . Com a internacionalização da arte marcial Kobudo, foi necessário adotar os Kyu e Dan (Graduações de Dangay e Senpay, veja mais no texto Graduações) dos sistemas modernos de BUDO (literalmente Caminho das Artes Marciais japonesas, no BUDO encerra-se a história das artes marciais de um modo geral; e o Karate-Do está fundamentado no BUDO), embora os mestres ainda se baseiam na conduta do praticante do que no grau que possui.

Continuando... como os monges do Templo Shaolin ficaram conhecidos em toda a China por sua grande força e coragem, mais tarde, depois de ser ensinado em muitos outros lugares, o método de treinamento ficou conhecido com o nome do lugar de sua origem, e passou a chamar-se Shorinji Kempo. Foi esse método, que chegando às ilhas Ryu Kyu e em particular Okinawa, deu origem ao Okinawa-Te, (Naha-te, Shuri-te, Tomari-te), a arte marcial precursora do atual Karate-Do no mundo.

Com a morte do monge e a divisão da China em vários reinos o monastério foi incendiado e os monges partiram para variadas direções, levando consigo seus conhecimentos, conta-se em algumas versões históricas. Nesta época ficou mais divulgado ou mais popularizado o Boxe Chinês que tinha sofrido influências fortíssimas de Bodhidharma, mas com o passar do tempo perdera seus princípios filosóficos, privando-se para uma arte de combate, a parte espiritual foi esquecida, e mais tarde a encontramos em quase todas as Artes Marciais Japonesas.

Este monge Bodhidharma, no ano 520 d.c, (monge Budista também conhecido por “TA MO” em Chinês ou “Daruma Taichi” em japonês), época em que viajou da Índia para a China para ensinar o Budismo no Templo Shaolin. Ele ensinou técnicas de defesa pessoal aos outros monges. Esses ensinamentos são a base do Shaolin Kung Fu. Por isso o Kung Fu nasceu também no Templo Shaolin.

Durante a dinastia MING de 1368 à 1644 a.c., somente cinco monges escaparam da destruição do Templo de Shaolin (uma outra versão histórica). Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como “Os cinco ancestrais de Shaolin”. Eles vagaram por toda China, cada um ensinando sua própria forma de Kung-Fu ou “To-de”. Muitos historiadores de hoje acreditam que este fato deu origem aos Cinco estilos básicos de Kung-Fu: Os estilos Tigre, Dragão, Leopardo, Serpente, e Garça (Grou). Os chineses que emigraram para as ilhas de Okinawa criaram novos sistemas de luta baseados no aprendizado absorvido na China.

Infelizmente não há documentação que elucide com clareza esses fatos, nem datas exatas do aparecimento se suas origens, porem é certo que o “To-de” (Okinawa-te) existe em Okinawa desde tempos muito remotos. O povo vinha praticando secretamente a arte do “Tode” em Okinawa bem antes do Kempo chinês lá ser introduzido. Os Okinawanos (Uchinanchus) vieram a conhecer o Kempo chinês com o início do comércio entre Okinawa e China conquanto tal arte tenha sido mencionada primeiramente num documento de 1372 no período do Rei Satto.

Os okinawanos gostaram do Kempo chinês e o tomaram como arte de defesa da honra e da vida e não como simples exercício, assim o Tode e o Kempo ficou conhecido como sua única Arte Marcial local, o desenvolvimento da arte marcial em Okinawa era extremamente influenciado pela história do país que era bastante tumultuada e cheia de conflitos. Todas as artes marciais que os okinawanos vinham a conhecer como Kempo chinês eram estudadas minuciosamente e então absorvidas dando origem à sofisticada arte marcial do Karate-Do.

Nigiri Game

Em Okinawa o Karate-Do Goju-ryu não é praticado por esporte ou somente para melhorar a saúde: os okinawanos consideram o Karate-Do  algo para ser praticado a vida toda como treinamento físico e mental e seus praticantes passam longas e longas horas praticando e aperfeiçoando a arte marcial.  

Há cerca de 500 anos atrás, depois que o famoso Rei herói SHAO-HASHI uniu os territórios de Okinawa, foi proibido o uso de qualquer tipo de arma em seus domínios, e há cerca de 200 anos, foram confiscadas todas as armas, enquanto as ilhas RYU KYU voltavam para as mãos do Clã japonês Satsuma. Supõe-se que o desenvolvimento do Tode (Okinawa-te) nas ilhas, foi com o intuito da autodefesa, ou seja, para defesa da honra e da vida, o que é mais provável, e tenha recebido um grande impulso como resultado dessa dupla proibição, Okinawa era uma ilha muito cheia de conflitos: o não uso das armas e seu confisco é que provavelmente, tenha motivado o desenvolvimento desta arte marcial em território Okinawano. Por isso mesmo, o seu desenvolvimento fora tão secreto, mesmo com as armas (Kobudo), pois os okinawanos eram obrigados a treinarem às escondidas, e disfarçar o máximo possível suas armas ocultando-as.

Não há dúvidas de que as muitas viagens de grandes mestres como Kanryo Higaonna e Chojun Miyagi, entre a China e Okinawa contribuíram em muito para elevar o poder do Naha-te, assim como os outros mestres contribuíram em muito para a formação do Shuri-te, e Tomari-te, dando origem ao poder do moderno Karate-Do.

O Mestre Higaonna dizia que: “Aquele dentre nós que têm um compromisso com o  Naha-te (Atual Karate-Do Okinawa Goju-ryu) têm a responsabilidade de preservar a essência assim como a forma (estilo) do Okinawa Goju-ryu Karate-Do.

Resumo

Daruma Taichi ensinou aos monges do mosteiro uma combinação de exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos conhecidos como “As Dezoito Mãos de ‘LO HAN’ (Lo Han foi um famoso discípulo de Buda). Esses ensinamentos foram reunidos em um só e os monges logo se descobriram capazes de se defender contra os muitos bandidos nômades que os consideravam uma presa fácil”. 
Os ensinamentos de Bodhidharma são reconhecidos pelos historiadores como a base de um estilo de arte marcial chamado Shaolin Kung-fu. 
Diferentes estilos de Kung fu se desenvolveram quando as personalidades e as mudanças dos monges emergiram. 
Havia dois templos (Shaolin), um na província de Honan e outro em Fukien. Entre 840 c 846 a.D., ambos os templos, assim como muitos milhares de templos menores, foram saqueados e queimados. Isto foi supervisionado pelo Governo imperial Chinês, que na época tinha uma política de perseguição e importunação sobre os Budistas. Os templos de Honan e Fukien foram mais tarde reconstruídos e foi destruído novamente por completo pelos Manchus durante a Dinastia Ming de 1368 a 1644 a.D. Somente cinco monges escaparam, todos os outros foram massacrados pelo imenso exército Manchu. 
Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como "Os Cincos Ancestrais". Eles vagaram por toda China, cada um ensinando sua própria forma de Kung fu. Considera-se que este fato deu origem aos cinco estilos básicos de Kung fu: Tigre, Dragão, Leopardo, Serpente e Grou.
Dalmobushido executando Kururunfa Kata
Como cidadãos chineses emigraram para as ilhas de Okinawa, novos sistemas se desenvolveram. Haviam três principais núcleos de "Te" em Okinawa. Estes núcleos eram as cidades de Shuri, Naha e Tomari. Conseqüentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos como Shuri-te, Naha-te e Tomari-te.
O Karate-do como tal é uma arte marcial okinawano criada no final do século passado (XIX), mas as suas origens são muito mais antigas. Todas as teorias coincidem no fato de que no século V um monge Zen-Budista chamado Bodhidharma (chamado Tamo pelos chineses e Daruma pelos japoneses) viajou da Índia à China para ensinar o budismo aos monges chineses no templo de Shao-Lin. A exaustiva prática da meditação revelou a fraqueza física dos monges. Bodhidharma, então, lhes ensinou uma serie de 18 movimentos que lhes permitiria fortalecer seus corpos e a sua força de vontade. Esses movimentos derivam das artes de combate da Índia e outros países e tiveram sua origem no estudo dos movimentos dos animais. Assim surgiu o que se chamou de “boxe dos monges”. Depois da morte de Bodhidharma, seus discípulos se dispersaram por toda a China. Ao longo do tempo essas séries de movimentos foram estudadas, complementadas e testadas por vários mestres chineses até se converterem no chamado Kempo Shaolin (chamado também por alguns de “Quan fa” ou “Kung-fu”) e ser difundido por toda a China, a partir do século XIII.
Katana e Wakizashi
Okinawa é uma ilha do arquipélago Ryu-Kyu, que pertence hoje ao Japão mas que ao longo da sua história foi cobiçada e conquistada tanto pelo império chinês como pelo japonês. Devido a isso, existiu um fluxo constante, cultural e econômico, entre a China (a grande potência cultural da época) e a ilha de Okinawa assim como com outras regiões da Ásia. Devido ao domínio dos diversos impérios, sobre tudo o japonês, os okinawanos foram proibidos de portar e usar qualquer tipo de arma ou aprender métodos de luta. Para poder defender-se dos agressores, o povo de Okinawa desenvolveu - em segredo - uma arte de luta sem armas que era chamada simplesmente Te (“mão” em japonês) ou Okinawa-te (“mão de Okinawa”) e outra arte de luta utilizando instrumentos de lavoura, pesca e outras ferramentas, chamada Kobudo. Um dos mestres mais famosos do Okinawa-te foi o mestre Sakugawa (1733-1815), quem além de conhecer o Okinawa-te recebera ensinamentos do mestre chinês Kushankun. Graças ao fluxo de pessoas (monges, soldados, comerciantes e imigrantes) e da cultura entre Okinawa e a China, o Okinawa-te foi enriquecido pelo Kempo chinês. Desta forma a arte de luta foi transformada e começou a ser chamada de To-de ou To-te . A palavra “To” representava primeiro a dinastia Tang, da China, e posteriormente passou a representar a própria China; To-de significava, então, “mão chinesa” devido à grande influência do Kempo sobre esta arte marcial okinawano. Haviam naquela época três cidades muito importantes em Okinawa: Shuri (a capital), Naha e Tomari, e devido ao desenvolvimento do To-de em cada uma delas ser um pouco diferente, cada “estilo” adotou o nome da cidade onde estava sendo desenvolvido. Assim surgiram o Shuri-te, o Naha-te e o Tomari-te. O Shuri-te era um estilo considerado como derivado do “Shaolin externo”, bastante explosivo e rápido. Um dos grandes mestres deste estilo foi Sokon "Bushi " Matsumura (1809-1901), aluno do mestre Sakugawa. Este mestre ensinou sua arte não só aos habitantes de Shuri como a alguns praticantes das outras cidades. Outro mestre reconhecido deste estilo foi Seisho Aragaki (1840-1920) . O Naha-te era um estilo forte e que fazia ênfase na respiração e como tal, foi descrito como “Shaolin interno”, sendo seu representante mais célebre o mestre Kanryo Higaonna (1853-1915). O Tomari-te era um estilo intermediário mas só era praticado por poucas pessoas, a maioria militares dessa cidade. Mestres como Kosaku Matsumura (1829-1899) e Kokan Oyadomari ensinaram esta arte que depois se misturou com o Shuri-te para gerar o Shorin-Ryu. Estes três estilos (posteriormente denominados em conjunto Karate-jutsu que significava “técnica ou arte da mão chinesa”) foram evoluindo, diferenciando-se até que no começo deste século, os alunos da primeira linhagem de cada um deles geraram os principais estilos do Karate-do moderno. Nos diferentes Katas (“formas”, sequencias de movimentos simbolizando situações de defesa e contra-ataque) pode-se apreciar as semelhanças e as diferenças destas grandes ramas do Karate-do.
O Shuri-te: entre os mais famosos mestres do Shuri-te estão Yasutsune Anko Itosu (1832-1915), Yasutsune Azato (1827-1906), Chotoku Kyan (1870-1945) e Choki Motobu (1871-1945). Os seus alunos viraram mestres, ao seu tempo, e criaram alguns dos estilos atuais. Esta rama do Karate-do foi originariamente denominada Shorin-Ryu (sendo que “Shorin” é a pronuncia japonesa de “Shaolin”) e dividiu-se em três estilos chamados Kobayashi-Ryu, Shobayashi-Ryu e Matsubayashi-Ryu. Alguns dos mais conhecidos mestres desta rama do Karate-do são: Chosin Chibana (1885-1969): continuou a linha de Shorin-Ryu do mestre Itosu chamando-a Kobayashi-Ryu (Shorin-Ryu). Depois da sua morte Katsuya Miyahira liderou o Shorin-Ryu Shido-kan e Shugoro Nakazato (1921-) o Shorin-Ryu Shorin-kan. Gichin Funakoshi (1868-1957): aluno dos mestres Azato e Itosu e também do mestre Matsumura. É um dos responsáveis da difusão do Shuri-te no Japão. Apesar de não querer dar nome ao seu estilo, este ficou conhecido como Shotokan. Entre seus alunos destacam-se Shigeru Egami (1912-1981), Masatoshi Nakayama (1913-1987) e Hirokazu Kanazawa (1931-).
Dalmobushido Okinawa Goju ryu Karate-do

Kenwa Mabuni (1889-1952): um dos melhores alunos do mestre Itosu. Também foi aluno do mestres Kanryo Higaonna e Chojun Miyagui do Naha-te. Mudou-se para o Japão para ensinar Karate-do do estilo que primeiramente chamou Itosu-Kay até que em 1937 criou o estilo Shito-Ryu , que combina aspectos do Shuri-te e do Naha-te. O nome do seu estilo deriva dos caracteres dos nomes dos seus dois mestres Itosu e Higaonna. Após a sua morte, seu filho Kenei herdou o Shito-Ryu e seu aluno Ryusho Sakagami continuou o Itosu-Kai Shito-Ryu. Shoshin Nagamine (1903-1997): aluno dos mestres Ankichi Arakaki, C. Motobu, C. Kyan e Y. Itosu, foi o fundador do Matsubayashi-Ryu. Seu sucessor foi seu filho Takayoshi. Eizo e Tatsuo Shimabuku: Estes dois irmãos foram alunos do mestre C. Kyan. O primeiro continuou a linha Shobayashi-Ryu de Shorin-Ryu que se expandiu bastante nos Estados Unidos através dos marinheiros das bases navais em Okinawa. O segundo, que também foi aluno do mestre Chojun Miyagui (Goju-Ryu), foi o fundador do estilo Isshin-Ryu. Kanken (Oyadomari) Toyama (1888-1966): começou a aprender o Okinawa-te com o mestre Itarashiki e depois foi discípulo do mestre Itosu. Junto com o mestre Funakoshi foram os denominados “Shibaushi” (protegidos) do seu mestre. Também foi aluno do mestre Kanryo Higaonna (Naha-te). Fundou o estilo Shudokan. 
Samurai
O Naha-te: O mais antigo e importante mestre do Naha-te foi o mestre Kanryo Higaonna (1853-1915). Este mestre aprendeu o Okinawa-te de S. Matsumura e S. Aragaki, de Shuri, e teve a oportunidade de viajar para a China onde viveu durante 13 anos. Ali, aprendeu o Kempo com o mestre Ryu Ryu Ko e outros mestres. Retornando à sua cidade de origem (Naha) ensinou sua arte. Alguns dos seus alunos criaram estilos de Karate-do bastante conhecidos hoje em dia e outros menos conhecidos. Chojun Miyagui (1888-1953): foi o mais importante e provavelmente o mais conhecido discípulo do mestre Higaonna. Em 1929 (na época em que a maioria dos mestres estavam dando os nomes aos seus estilos) o mestre Chojun Miyagi decidiu chamar o seu estilo de Goju-Ryu, nome que explica a característica de combinar o duro (Go) com o suave (Ju), força e flexibilidade (Rígido porém Flexível). O mestre Miyagui continuou a escola quando o mestre Higaonna morreu e também viajou à China várias vezes, seguindo os passos do seu mestre. Foi um dos primeiros mestres a criar um sistema de ensino para o Karate-do. Alguns dos mestres criadores de escolas dentro do estilo Goju-Ryu , foram alunos seus: Jin'an Shinzato (1901-1945), Meitoku Yagi (1912-), Seikichi Toguchi (1917-1998), Seiichi Y. Akamine (1920-1995), Ei'ichi Miyasato (1922-), An'Ichi Miyagui (1931-), etc. Seko Higa (1889-1966): este mestre não é muito conhecido mas foi sem dúvidas um dos melhores alunos do mestre Higaonna e um fiel seguidor da sua mística filosofia. Após a morte do seu mestre, foi o braço direito do mestre Chojun Miyagi e o único autorizado a ensinar Goju-Ryu fora do Dojo de Miyagi. Mestres como Seiichi Y. Akamine, Seikichi Toguchi e outros também foram alunos de muita importância ao Goju ryu. Chohatsu Kyoda (1886-1968): foi um dos primeiros alunos do mestre Higaonna, junto com o mestre Miyagi. Criou o estilo Toon-Ryu. Também os mestres Kanken Toyama, Kenwa Mabuni e Tatsuo Shimabuku (1908-1975) mencionados anteriormente como alunos do Shuri-te aprenderam Naha-te com o mestre Higaonna e/ou o mestre Miyagi. Outro grande mestre da cidade de Naha foi Kanbun Uechi (1877-1948): este mestre okinawano estudou durante vários anos Kempo na China e trouxe seu estilo para Okinawa, ensinando-o em Naha sob o nome de Uechi-Ryu, um estilo que também faz ênfase na tensão e respiração, como o Goju-Ryu, utilizando muitas técnicas de mão aberta nos seus Kata. Após a sua morte, seu filho Kanei herdou a escola. Mestres como Anko Itosu e Chojun Miyagi foram responsáveis pelo crescimento e difusão do Karate-do em Okinawa, ensinado-o nas escolas e na academia de polícia.
Chi i shi
O Karate-do no Japão: O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara tinha o significado em “Chinês” e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerras muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padronizado, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular (nascendo assim várias denominações e estilos), nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawano pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa. (Tode-jutsu Karate-do) Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (“kun” e “un”) segundo o seu significado ou segundo a sua pronuncia. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia “Kara” do Karate, mas com outro significado que não “chinesa”. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa “zero”, “vazio”, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão “jutsu” (técnica ou arte) por “do” que deriva da palavra chinesa “tao” (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a “mente vazia” (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo - Mushin) e o “caminho”, a “via” que devemos transitar para chegar à iluminação. O passo seguinte foi a adoção do karate-gui (Dogui), um uniforme igual para todos, branco, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom - Dangay) e Dans (do 1º Dan ao 10º Dan (grau) para os faixas pretas – Yudansha) similar ao que era usado no Judo. No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial. Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do , alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo: O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Guichin Funakoshi quando este o introduziu no Japão. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawano) a criar um estilo de Karate-do. Gogen Yamaguchi (1909-1989) também aprendeu durante alguns meses Goju-Ryu com o mestre Chojun Miyagui e depois com Jitsuei Yogi, e foi o criador da escola Goju-Kai no Japão. Masutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta no Goju-Ryu criando em 1961 o Kyokushin-Kay. Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu. Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai (Alunos) e leitores amigos. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.



Ossu!!!!